Amigo oculto
Coloquei minha mão dentro daquela urna com o coração na boca. Fui convidada para um amigo secreto com algumas condições picantes: quem você tirasse teria que realizar uma fantasia dela e ela, de forma recíproca, teria que fazer a sua.
Mulheres tiravam um número e homens aguardavam no quarto. Nós levávamos os nossos presentes. Em minhas mãos haviam alguns géis e plugs, coisas que eu gostava, mas das quais não tinha sequer certeza se usaria.
Puxando minha mão de volta me deparei com um número. Número 13. Da sorte, eu acho. Tomei minha bebida no balcão e, devagar, me deixei ser conduzida a um dos quartos da enorme casa onde estava sendo realizada aquela confraternização.
Passei pelo corredor controlando a respiração, mas também me preparando para uma noite febril. Para isso, lembrei também algumas regras da entrada:
● Nada de conversas longas;
● Nada de nomes;
● Tudo vale quando os dois quiserem;
● Não é sempre não.
Era o suficiente. Girei a maçaneta da suíte e, desde o princípio, fui acometida com um cheiro gostoso de canela. Mas ainda sim, não tão gostoso quanto o homem que vi ao fundo da suíte.
– Sua única palavra será “Sim, senhor”. Se você não desobedecer, terá tudo de mim – Ele disse, começando a abrir as abotoaduras do seu terno. Pareciam feitas de prata e aquilo só o tornava mais requintado aos meus olhos. Eu não tinha ideia de quem ele era, mas certamente era um homem de muitas posses.
Aqueles cabelos bem cuidados, seus olhos castanhos e nariz europeu denotavam detalhes que seu próprio porte não conseguia esconder. Poderia ser um empresário, um diplomata ou até um juiz… Eu não saberia dizer. A única coisa que tinha por certo era que irradiava poder e até o som de sua voz me atraía.
– E se eu eu desobedecer? – Questionei com um certo receio. No fim, eu não o conhecia e por mais que eu me sentisse confortável e segura com tantas pessoas naquela mansão, eu tinha que me manter alerta.
– Nós paramos. Qualquer sinal de que você não está confortável, isso não irá adiante. O jogo se chama “Sim, senhor”, mas você pode dizer não. É sua palavra de segurança, então apenas fale quando tiver certeza – Ele decretou, tirando o blazer preto que jogou sobre a cama. As velas do quarto me inebriaram na mesma medida que o homem dos olhos cor de cinza fazia.
– Sim, senhor – Falei, com antecipação correndo em minhas veias no segundo em que aquele desconhecido levantou as mangas de sua camisa de botões. Ele parecia à vontade e eu, em contrapartida, não sabia se corria dali pelo receio ou corria até ele pela irremediável atração.
Por bem, ele decidiu por nós. Sem vacilar um único passo, rompeu a distância entre nós sem desviar o contato visual e parou em minha frente.
– Acho que você compreendeu bem a lógica da brincadeira – Ele falou, munido de uma satisfação que me contagiou a tal ponto que ousei, por um momento, levantar minha mão para tocá-lo.
Aguardei toque mas recebi surpresa, entretanto. Antes que chegasse ao seu peitoral, ele usou minha mão para fazer meu corpo dar um giro. Terminei de frente, com ele sobre minhas costas.
Com sua mão tão grande quanto o seu corpo que me cobria, ele tocou a fenda do meu vestido. Passou a palma pela extensão da perna, pelo interior da coxa e, em seguida, cresceu sua exploração devassa pela minha roupa de dentro.
– Quero ter meus dedos na sua calcinha antes de chegar até a cama. Eu posso fazer isso? – Ele questionou, virando o meu cabelo negro todo para um único lado. Com o meu pescoço livre, correu a língua do colo até atrás do ouvido. Sussurrou aquelas palavras conforme deixava seus dedos testando meus níveis de paciência, ao brincar na zona de perigo que era o tecido da minha calcinha.
Apertei os olhos absorvendo a provocação calculada. Ele sabia que cada fonema soprava chantagem e luxúria nos meus ouvidos e pouco se importava com as convenções. Ele queria me penetrar antes de me beijar e eu queria aquilo com tanta força.
Assim, separei as pernas e, com a minha mão cobrindo a sua, subi seus largos dedos por um momento pelo meu corpo. Sua unha raspando pelo vestido de seda, chegando ao decote e o cumprimentando brevemente até pousar em minha boca.
Foi um passeio sem parada. Uma manobra no ar que acabou e começou com seu médio e indicador irrompendo nos meus lábios entreabertos para serem chupados. Com a ponta deles saltando em minha língua, sorvi de sua ordem verbalizando a minha:
– Sim, senhor – Concordei e, em ato seguido, passei a lamber aquela carne tão profanamente oferecida, demonstrando como num momento não tão longe faria com o próprio pau daquele homem.
Levei cada centímetro dos dedos de pouco em pouco, deixando com que fossem desenhando o centro da minha boca, até estarem totalmente dentro da cavidade para serem sugados ao ritmo da respiração irregular que eu tinha tão perto de mim.
A mão livre que eu tinha, intencionalmente descansada em meu ombro desceu até a minha cintura, me fazendo caminhar na direção da cama como se fizesse do trajeto um rastro de controle.
A cada vez que eu avançava chupando seus dedos, mais perto eu estava de recebê-lo e, ainda sim, longe de obter qualquer alívio daquele incômodo delicioso no meio das pernas. Ele me queria antes do ato final se esse era a cama. Queria me tocar no íntimo antes que tudo fosse ápice, e eu dei meu sim calado antes mesmo de suas conclusões.
Me empurrei contra seu corpo grande, sentindo sua ereção crescente em minhas costas. Deixei cair de minha boca os dedos que queria no exato lugar que ele prometeu. Sem mistérios dessa vez. O puro cumprimento de suas palavras advindo de uma ação que parecia mil vezes praticada de tão perfeita. Ele me tocou com a ponta dos seus dedos, fazendo um rastro de minha sucção até chegar ao meu clitóris.
Com os dedos, ele provocou de baixo pra cima, usando as pontas para acariciar a base daqueles nervos em polvorosa pelo seu toque. O homem explorou lento o percurso, pressionando na medida correta, até parar no fim de tudo.
Naquele instante foi que começou a girar os seus dedos em círculos pequenos, do tamanho do meu clitóris, me deixando absorta como espalhava minha saliva por minha pele sem qualquer receio.
Era profano, mas eu adorava, como quem se entrega ao imoral, afinal, eu literalmente me entregava a ele – um desconhecido com um ar arrogante que fazia meu corpo ir para trás em busca do seu apoio enquanto recebia sua masturbação com júbilo.
Era quase uma tortura. Ele fazia lento, sem a intenção de me liberar de fato, e tudo que eu fazia era mover meus quadris, buscando o atrito oferecido a doses tão mínimas.
Enlouquecedor. Queria gritar frustrada, queria bater em seu peito, mas também desejava ser torturada ao seu prazer. Havia uma delícia, algo agridoce, que me fazia arranhar seu pulso quase dentro da minha calcinha mas também complementar apertando meu próprio seio em busca de mais.
– Pretendo te fazer gozar agora. Quero que faça o resto do caminho sozinha e fique no centro da cama. Vou colocar um travesseiro abaixo da sua barriga. Antes de tudo, retire a calcinha. Não quero barreiras – Descreveu, e antes que eu pudesse sequer concordar, me virou. O beijo que me dedicou tirou qualquer noção da realidade.
Sua língua veio primeiro, de forma incomum, traçando a comissura da boca, me fazendo abri-la para recebê-lo. É aí que recebo uma mordida e devolvo-a de imediato, arrancando dele um sorriso safado que define o contato.
Nossas línguas se degladiam de forma ardente. Há sua dominância, minha curiosidade, suas ordens e meus anseios, tudo na ponta das duas que insistem em se enroscar. Sua mão desceu até minha bunda no meio do ato e recebi um aperto seguido de um tapa. Foi o fim precoce do beijo que poderia ter durado mais, mas ele tinha um plano.
Segui seu roteiro conforme havia apresentado. Dirigi meus saltos até a cama, tirei a calcinha antes de subir no colchão e ele me ajudou a ficar confortável na posição que ele queria.
Eu estava exposta, mas parecia bom. Pela primeira vez na vida eu desfrutava da fantasia de ser uma submissa com todas as regalias que aquilo poderia obedecer.
Com as mãos nos meus quadris ele subiu em cima da cama, pairando sobre meu corpo, sem jogar seu peso no meu. Uma mão sua se adiantou nos meus cabelos e, outra vez, começou a me atacar pelo pescoço.
– Vou te dar prazer com a minha língua e depois vou te comer com o brinquedinho por trás. Você ainda quer isso? – Ele perguntou com um tom rouco. Parecia a concessão da noite. Ao atravessar a porta daquele lugar, eu duvidei. Pensei em não me entregar aos meus prazeres mais ocultos, mas a proposta me sugou para dentro dela e eu não pude evitar. Não quis.
– Sim, senhor – Afirmei e, o ar que ele soltou em seu sorriso, fez meu corpo se arrepiar inteiro, e nem era pelo frio que me atingiu assim que ele separou mais minhas pernas.
O homem iniciou uma descida singular pelo meu corpo. Sua mão fazia o trajeto, seu beijo o acompanhava, como se um apreciasse as curvas e a outra comprovasse que eram deliciosas.
Seu olhar me deixava quente e eu o estava encarando, apenas sabia pelo seu tato que havia fogo naquelas íris cor de cinza. Fogo esse que ele espalhou pelo meu corpo todo, ainda mais quando desviou da minha intimidade para ir diretamente às minhas pernas outra vez.
Dessa forma, mordeu minha panturrilha e seguiu espalhando chupões conforme subia. Era quase tão devagar quanto a descida, mas valeu a cada segundo quando sua boca chegou perto da minha boceta.
Não havia perguntas ali. Minha pele clamava e ele atendia, como se no prelúdio do meu prazer os papéis se invertessem. Eu exigia e ele acatava, eu dava as indicações e ele seguia.
Subi os pés por suas costas, arranhando-o com minhas unhas até estar totalmente aberta para seus beijos. Até o limite de onde eu podia. E ele aceitou aquela entrega. Beijando primeiro meus pés, deu-me uma mordida sobre as nádegas e as apertou.
A sua língua veio um rompante depois dos seus dedos afundados em minhas bandas. Ele a enfiou entre a carne da minha boceta, bem na entrada, me comendo de forma despudorada com uma invasão macia. Ele entrava e saía fácil, me deixando consciente de que, para além da sua saliva, eu estava realmente molhada com seu jogo.
Ele estocava deixando sua língua dura e, ao sair, lambia toda entrada, circulando-a até entrar de novo. Havia um ritmo impresso, uma marca sua, algo que me levava a querer rebolar em sua cara, mas ao mesmo tempo ficar quieta e desfrutar.
Eu desfrutava dele. De sua língua selvagem, de seus dedos se afastando e depois se afundando externamente a minha bunda de novo. Da sua língua saindo para encontrar minha entrada, fazendo-a querer engoli-lo bem quando ele só ia mais para trás. Eu sabia onde ele queria ir.
Empinei na direção do meu rosto ao mesmo tempo que sua língua percorria o caminho até minha bunda. Tremi no momento em que sua língua chegou ali, beijando-me de forma ainda mais íntima.
O choque proporcionado quase me fez correr, mas fiquei estática quando ele me segurou pelas bandas, afundando ainda mais o dorso em mim. Ele repetia o seu perigoso movimento sobre aquele lugar sensível.
Circulava, chupava e penetrava com sua língua toda vez que uma contração involuntária o pedia dentro. Ele, no entanto, entendia a necessidade do preparo.
Tanto que me vi abandonada apenas uns segundos até que o gel em sua mão passasse ao meio do meu traseiro. Por um momento, agradeci não estar vendo-o e ainda afundei meu rosto no travesseiro.
Era tão bom sentir aquele líquido gelado em mim que eu quase queria ser tragada por ele e sua massagem. Ele usava o dedo polegar envolto no líquido e me tocava superficialmente, me levando a querer mais em todas as vezes que passava ali.
Sua boca mordia a área mais acima e descia, conforme sua carícia passava de lenta até mais rápida, culminando em uma entrada de seu dedo junto com a sua língua em meu clitóris.
Um gemido que sequer previ irrompeu de minha garganta e quase gritei no quarto vazio, tentando abafar com meu rosto no travesseiro.
A sensação de senti-lo em ambos os espaços, me profanando, me levando até o mais lento e agudo do prazer me levava aos sons mais altos e a entrega cada vez mais gradativa.
Agora ele me penetrava devagar. Sempre com um único dedo e mesclando os movimentos até me sentir acostumada com aquilo. Não houve dor no momento inicial, mas eu sabia que os plugs da caixa eram maiores.
Ele, no entanto, foi me acalmando. Deixou meu corpo relaxado, bem a beira do orgasmo, somente com me chupar e me comer por trás.
Quando eu já estava arfando, sentindo o máximo do prazer crescer em meu âmago, senti seu corpo se afastar. Não entendi porque me deixara assim, mas quando ouvi o barulho da sua calça se abrir, entendi suas intenções.
Ainda vestido, senti seu corpo em cima do meu e seu pênis tocar meu clitóris. Ele começou a me masturbar com sua glande e seu dedo polegar entrou em mim de novo, me proporcionando aquela penetração dupla.
Meu corpo entrou em combustão. Aquela vontade ardente, tudo crescendo, a brasa se espraiando em minha pele por todos os espaços até se concentrar em minha boceta. Gozei. Concomitantemente a sua entrada em minha intimidade.
Senti todos os espasmos com ele dentro. O apertei, molhei seu pau, tudo conforme ele estava dentro e ainda me massageava. Eram inúmeros estímulos e todos me levavam a beber daquela sensação como se estivesse fazendo com uma bebida muito cara.
Nada parecia superar aquilo, somente seus dedos espalhando mais lubrificante em mim e seu dedo ganhando uma nova companhia.
– Sim… S-enhor – Minha voz falhou quando senti o formato do plug me provocar por trás, querendo-o dentro naquele instante.
Ele o impulsionou para frente junto a sua primeira estocada e entrou igualmente fácil nos dois lugares. Ele tinha tudo controlado, mas tudo também passava pela minha vontade.
Regida por ela eu gemia alto, recebia seus tapas na bunda e também seus puxões de cabelo. Era um tanto quanto bruto, mas no limite perfeito para que eu tivesse minha aventura mais inesperada e gostosa.
Gritei tudo o que podia competindo com a colisão do seu corpo no meu e do brinquedinho entrando e saindo, também. Eu buscava mais, segurando seus quadris para estarem dentro e mais dentro, como se aquela posição já não fosse suficientemente funda.
Chamei-o das formas mais baixas e recebi de volta cada uma das alcunhas dadas, no mesmo grau e nível. Sendo levada pela palavra e pelo encontro delicioso até o orgasmo outra vez.
Dessa vez, o senti começando de trás para frente. Algo puro, poderoso, no alto do mais alto prazer e, quase ao mesmo tempo, ele gozou com um gostoso gemido dentro da camisinha, caindo ao meu lado em seguida.
Ele não parava de respirar descompensado. Era a primeira vez que via aquele desconhecido sem nenhum controle diante de mim. Gostei daquilo.
– Cansado? – Questionei, com uma risadinha e ele, com uma mão em minha bunda, apenas respirou fundo. Levaria um tempo, mas com a chupada certa eu o teria pronto para mim. Observei seu pênis e já o imaginei entre meus lábios conforme crescia.
– Não, senhora – E rimos juntos. Era só o início daquela noite…
Conto erótico by Letícia Araújo (@Leteratura__)